Sonoro de qualidade:
Retrato muito pouco fiel da vida de algum ilustre desconhecido, que perdido numa imaginação doentia, se afoga docemente embalado pela corrente do vazio... assim começou.
sexta-feira, outubro 29
Caterpillar
Um dia espero vir a regozijar-me de pelo menos ter feito uma coisa na vida... Agora estarão vós a pensar qual será... pois bem, passa por disfrutar do prazer de guiar uma daquelas máquinas pesadas das obras. Qualquer homem que é homem sente este desejo, uma força interior que nos conduz a este sonho. Se não vejam, este chamamento até é patente em qualquer Nosso Primeiro do País. Também eles curtem conduzir cenas pesadas, não que seja grande exemplo mas pelo menos uma coisa na vida haviam de fazer certa. Por exemplo os 2 últimos, quantas vezes não vimos A.G. guiar o "little engine that could" da CP ou então D.B. a dominar os novos catamarans que fazem a travessia do Tejo? Mas não peço tanto, cada macaco no seu galho. Basta-me conduzir uma daquelas cenas que têm um braço articulado com uma pá invertida para esburacar, a retroescavadora! Isso sim, é útil, bonito e ainda por cima é d' Homem! Um dia destes, sei que sim!! Quem sabe talvez no meu aniversário...
Ps: Anuncio que o post 69 foi sobre mamas... é digno sim senhor! Chamo a atenção que isto não foi mero acaso.
Ps: Anuncio que o post 69 foi sobre mamas... é digno sim senhor! Chamo a atenção que isto não foi mero acaso.
terça-feira, outubro 26
Mamas!
Ainda não tínhamos um post com este título, pareceu-me uma lacuna grave que deveria preencher! E o que falar a este respeito, que mais vale uma na mão que duas no soutien? Que quem não chora não mama? Dum Sinhores!
A respeito de mamas cabe-me destacar alguns pontos fundamentais. Uma boa mama depende dos olhos de quem a avalia, depende do toque, da textura, do contorno, do volume, de inúmeras coisas que devem ser vistas no conjunto! Ou seja, avaliar uma mama sem ver a outra está mal feito! Deve-se, sempre que possível, ver as duas. Se possível também, tocar as duas, apertar, beliscar. Quem não o faz não percebe nada disto.
Uma boa mama também tem a ver com o respectivo mamilo e a sua contextualização na restante mama. Um mamilo muito grande é desagradável ao toque com a mão, contudo sabe muito melhor trincar. Um mamilo pequeno agarra-se com maior dificuldade e não fica bem com todas as mamas, nem tampouco com a maioria das roupas. Há que ter cautela no que toca a mamilos, peça essencial de qualquer mama funcional!
Depois, eu mais dia menos dia, ponho aqui um post com aquelas que considero as melhores mamas que até hoje me passaram pelas mãos, isto é, as melhores que já vi. Depois então digam-me de vossa justiça. Por hoje fico-me pela ameaça, mas convém não espingardarem muito, or else... (.) (.)
Que o grande Bigodaças Man, patrono dos carecas e maratonistas dos corredores, vos acompanhe e proteja na busca de cada um por uma mama melhor.
A respeito de mamas cabe-me destacar alguns pontos fundamentais. Uma boa mama depende dos olhos de quem a avalia, depende do toque, da textura, do contorno, do volume, de inúmeras coisas que devem ser vistas no conjunto! Ou seja, avaliar uma mama sem ver a outra está mal feito! Deve-se, sempre que possível, ver as duas. Se possível também, tocar as duas, apertar, beliscar. Quem não o faz não percebe nada disto.
Uma boa mama também tem a ver com o respectivo mamilo e a sua contextualização na restante mama. Um mamilo muito grande é desagradável ao toque com a mão, contudo sabe muito melhor trincar. Um mamilo pequeno agarra-se com maior dificuldade e não fica bem com todas as mamas, nem tampouco com a maioria das roupas. Há que ter cautela no que toca a mamilos, peça essencial de qualquer mama funcional!
Depois, eu mais dia menos dia, ponho aqui um post com aquelas que considero as melhores mamas que até hoje me passaram pelas mãos, isto é, as melhores que já vi. Depois então digam-me de vossa justiça. Por hoje fico-me pela ameaça, mas convém não espingardarem muito, or else... (.) (.)
Que o grande Bigodaças Man, patrono dos carecas e maratonistas dos corredores, vos acompanhe e proteja na busca de cada um por uma mama melhor.
Ele há que dizer algumas coisas!
1º ...Que o Metro circula pela esquerda, incompreensível esta merda, afinal somos Ingleses? Na volta os gajos que nos venderam aquilo é que são, e espertos como somos acreditámos que aquela merda só circulava pela esquerda...
2º...As prostitutas deviam pagar impostos, e mais, um gajo devia poder meter a factura em despesas com a saúde, parece-me algo a corrigir; Sôr Bagão Félix... mais atenção!
3º...A gasolina deveria ser oferecida, no mínimo, 3 dias por semana, naquela de estimular a economia e aliviar a pressão da malta mais apertada!
4º ...Há que pensar numa maneira de por o gajedo mais próximo da malta com menos recursos, ou ainda não repararam que qualquer Porsche, BMW, Mercedes ou Volvo vem com LDS (Loira de Série)?
5º ...Que as minhas palavras sejam Lei, pelo menos no círculo restrito de pessoal iluminado que perde tempo a ler certas e determinadas patacoadas que eu perco tempo a escrever!
Sem mais, com os melhores cumprimentos,
sexta-feira, outubro 22
Assumo Sim Sr.
Depois de ínumeros pedidos, muitos deles vindos da malta do 58, sinto-me na obrigação de assumir um compromisso com todos vós. Prometo aqui e agora, neste preciso momento, que irei reunir esforços e tomar as diligências necessárias para que dentro de pouco tempo seja postado um autógrafo desse grande Senhor, esse ícone do desporto português, Francis Obikwelu.
Bem hajam!
Bem hajam!
Jardim da Parada
14h33min - Café Triângulo da Parada, junto à Travessa de Cima dos Quartéis.
Fica ali junto à Ferreira Borges, mesmo no meio de Campo de Ourique. E ali ao lado do Jardim da Parada, onde os galos convivem com as pessoas e as galinhas ao lado de carros e carteiristas numa estranha harmonia que desafia toda e qualquer forma de lógica, há um Quartel Militar(salvo erro Quartel de Sapadores) que tem para mim um significado muito especial... para quem me conhece bem, sabe ou desconfia que ali, há mais de cinquenta anos se desenrolou uma história com tanto para contar que mil vidas normais não bastariam para a viver. Junto a este Quartel Militar, ao lado, mesmo ao lado, há uma pequena rua que se chama Travessa de Cima dos Quartéis, e que de facto fica por cima do Quartel, e é vizinha, do lado da Rua de Campo de Ourique, da Travessa de Baixo dos Quartéis. Mas isso é outra história...
Agora que estamos situados, no espaço e no tempo... camandro, vamos ao substrato... estava lá eu no dito café, tomando o meu cafézinho (o quinto do dia, porque o dia ainda ia a meio) com o copo de água da praxe, quando entra um caramelo vestido de cabedal preto e declama tal e qual:
"Ó Quim, se não te importas, empresta-me um dos teus palitos."
Eh pah, porra, eu não podia deixar passar esta... foi bonito! Depois, mais nada...
Fica ali junto à Ferreira Borges, mesmo no meio de Campo de Ourique. E ali ao lado do Jardim da Parada, onde os galos convivem com as pessoas e as galinhas ao lado de carros e carteiristas numa estranha harmonia que desafia toda e qualquer forma de lógica, há um Quartel Militar(salvo erro Quartel de Sapadores) que tem para mim um significado muito especial... para quem me conhece bem, sabe ou desconfia que ali, há mais de cinquenta anos se desenrolou uma história com tanto para contar que mil vidas normais não bastariam para a viver. Junto a este Quartel Militar, ao lado, mesmo ao lado, há uma pequena rua que se chama Travessa de Cima dos Quartéis, e que de facto fica por cima do Quartel, e é vizinha, do lado da Rua de Campo de Ourique, da Travessa de Baixo dos Quartéis. Mas isso é outra história...
Agora que estamos situados, no espaço e no tempo... camandro, vamos ao substrato... estava lá eu no dito café, tomando o meu cafézinho (o quinto do dia, porque o dia ainda ia a meio) com o copo de água da praxe, quando entra um caramelo vestido de cabedal preto e declama tal e qual:
"Ó Quim, se não te importas, empresta-me um dos teus palitos."
Eh pah, porra, eu não podia deixar passar esta... foi bonito! Depois, mais nada...
quarta-feira, outubro 20
Amigos de Sempre
Viu-me e sorriu... por entre trezentas mil pessoas que ali passaram, ao lado de mais trinta que me olharam, sei que ela me viu e somente por isso, sorriu.
Parámos, conversámos mais ou menos duas horitas, para nos lembrarmos de quem fomos, naquela altura em que nos conhecemos, quem sabe para sabermos o que somos agora.
A quem ficou algures lá para trás, e a todos os que não vi na rua... Um grande bem haja!
Parámos, conversámos mais ou menos duas horitas, para nos lembrarmos de quem fomos, naquela altura em que nos conhecemos, quem sabe para sabermos o que somos agora.
A quem ficou algures lá para trás, e a todos os que não vi na rua... Um grande bem haja!
quarta-feira, outubro 13
terça-feira, outubro 12
Está uma noite fria
No preciso momento em que o sol se põe, a lua já espreitava. Assisto da janela do quarto ao momento em que o acabar de ser do sol embate com o nascer do ser da lua. Um sem o outro. Por vezes tocavam-se de relance, a lua, fria, consegue sentir um pouco de calor dos últimos raios solares. No canto do velho quarto, a humidade corre pela parede, consigo ver-me respirar, e dali, dia após dia, observo o namoro entre ambos. Deitado na sombra do sol-posto e com a Lua a espreitar surge o convite para conspirar. Fecho a janela, aconchego-me em ti, afinal, está uma noite fria.
3
Eu amo tudo o que foi
Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
Fernando Pessoa, 1931.
APONTAMENTO
A minha alma partiu-se como um faso vazio.
Caiu pela escada excessivamente abaixo.
Caiu das mãos da criada descuidada.
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.
Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.
Fiz barulho na queda como um faso que se partia.
Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.
E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.
Não se zanguem com ela.
São tolerantes com ela.
O que era eu um vaso vazio?
Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles.
Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.
Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
Um caco.
E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.
Álvaro de Campos, 1929
Por quem foi que me trocaram
Por quem foi que me trocaram
Quando estava a olhar pra ti?
Pousa a tua mão na minha
E, sem me olhares, sorri.
Sorri do teu pensamento
Porque eu só quero pensar
Que é de mim que ele está feito
É que tens para mo dar.
Depois aperta-me a mão
E vira os olhos a mim...
Por quem foi que me trocaram
Quando estás a olhar-me assim?
Fernando Pessoa
Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
Fernando Pessoa, 1931.
APONTAMENTO
A minha alma partiu-se como um faso vazio.
Caiu pela escada excessivamente abaixo.
Caiu das mãos da criada descuidada.
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.
Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.
Fiz barulho na queda como um faso que se partia.
Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.
E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.
Não se zanguem com ela.
São tolerantes com ela.
O que era eu um vaso vazio?
Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles.
Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.
Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
Um caco.
E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.
Álvaro de Campos, 1929
Por quem foi que me trocaram
Por quem foi que me trocaram
Quando estava a olhar pra ti?
Pousa a tua mão na minha
E, sem me olhares, sorri.
Sorri do teu pensamento
Porque eu só quero pensar
Que é de mim que ele está feito
É que tens para mo dar.
Depois aperta-me a mão
E vira os olhos a mim...
Por quem foi que me trocaram
Quando estás a olhar-me assim?
Fernando Pessoa
domingo, outubro 10
Fadas
Está um pouco amarelo demais, este fundo... não que eu tenha algo de muito importante para vos dizer - apenas e novamente aquela vontade imensa de contactar alguém!
Existe a possibilidade de nem me responderem, mas se de facto alguém é mau na verdadeira acepção da palavra, quem de entre nós tem extremo prazer em magoar e desiludir, essa pessoa sou eu. É então um risco calculado, bem menor do que aquele que correriam vós nas mesmas circunstâncias.
A realidade tem-me empurrado inúmeras vezes na vossa direcção, com mais ou menos força... sempre que observo um qualquer sorriso apaixonado, lembro-me de vocês sem saber bem porquê. Outros momentos me têm feito sentir abusivamente estúpido, quando sem perceber como, a vida pára diante de mim, um vazio imenso apodera-se do meu volátil físico e permaneço horas a pairar no desencanto da minha ignorância.
Não vos tento hoje encantar com doces falas mansas, julgo que alguns de vós o sabem bem demais,porém não trago na boca nem na caneta a razão do meu não-silêncio. Nem sempre escrevo deste modo, só a quem pretendo impressionar, e nos momentos mais solenes. Aqui, escrever-vos assim é tão natural quanto mágico - é o mais parecido que tenho com uma razão para vos abordar. Ainda que me digam que não são necessárias justificações para dizer seja o que for, eu preciso sempre de uma boa desculpa para não estar calado...
Têm-me dito sempre que as fadas não existem, desde que o assumiram como verdade?! Eu acredito nas fadas às vezes, quando cerro os olhos da raiva de ver e quando os pisco muito para ver bolinhas. Acredito num «não-sei-quê» superior a algo bom, necessáriamente muito melhor que nós. Não me consigo ver no buraco desde que fixei o «não-sei-quê».
Deixem-me esclarecer algo... quando eu vos parecer confuso, acreditem-se quando vos digo que apenas sou difuso, Não sei dizer melhor o que me vai cá dentro, e por vezes, raras ocasiões, a impressão que deixo na pupila de quem me vislumbrou da outra margem por uma fracção de segundo no meio de tantos outros como eu, é a fiel imagem de quem eu sou. Tem-me sido difícil encontrar esse caramelo para lhe perguntar o que viu de verdade.
Passei por um problema grave que deixou sérias marcas - correu bem. A imagem do coitadinho a pensar como tudo seria se corresse mal, num qualquer psicólogo de Lisboa junto a uma mesa que tresanda a mofo e a cigarros apagados depressa demais, diz muito do que não vos consigo explicar. A existência é uma coisa marada... devia ser negada a si própria/mesma para acabar com este e outros problemas, Ser finito é diferente de viver a prazo, e é nesta diferença que reside a nossa realização, bem como o nosso mais inconformado desespero. Eu vi tudo assim face à minha pequenez, a possibilidade de me transformar num ser iogurtado, com o prazo carimbado à vista de quem nos olha nos olhos em busca de resposta. A treta de um tropeção que acabou em bem...
Existe a possibilidade de nem me responderem, mas se de facto alguém é mau na verdadeira acepção da palavra, quem de entre nós tem extremo prazer em magoar e desiludir, essa pessoa sou eu. É então um risco calculado, bem menor do que aquele que correriam vós nas mesmas circunstâncias.
A realidade tem-me empurrado inúmeras vezes na vossa direcção, com mais ou menos força... sempre que observo um qualquer sorriso apaixonado, lembro-me de vocês sem saber bem porquê. Outros momentos me têm feito sentir abusivamente estúpido, quando sem perceber como, a vida pára diante de mim, um vazio imenso apodera-se do meu volátil físico e permaneço horas a pairar no desencanto da minha ignorância.
Não vos tento hoje encantar com doces falas mansas, julgo que alguns de vós o sabem bem demais,porém não trago na boca nem na caneta a razão do meu não-silêncio. Nem sempre escrevo deste modo, só a quem pretendo impressionar, e nos momentos mais solenes. Aqui, escrever-vos assim é tão natural quanto mágico - é o mais parecido que tenho com uma razão para vos abordar. Ainda que me digam que não são necessárias justificações para dizer seja o que for, eu preciso sempre de uma boa desculpa para não estar calado...
Têm-me dito sempre que as fadas não existem, desde que o assumiram como verdade?! Eu acredito nas fadas às vezes, quando cerro os olhos da raiva de ver e quando os pisco muito para ver bolinhas. Acredito num «não-sei-quê» superior a algo bom, necessáriamente muito melhor que nós. Não me consigo ver no buraco desde que fixei o «não-sei-quê».
Deixem-me esclarecer algo... quando eu vos parecer confuso, acreditem-se quando vos digo que apenas sou difuso, Não sei dizer melhor o que me vai cá dentro, e por vezes, raras ocasiões, a impressão que deixo na pupila de quem me vislumbrou da outra margem por uma fracção de segundo no meio de tantos outros como eu, é a fiel imagem de quem eu sou. Tem-me sido difícil encontrar esse caramelo para lhe perguntar o que viu de verdade.
Passei por um problema grave que deixou sérias marcas - correu bem. A imagem do coitadinho a pensar como tudo seria se corresse mal, num qualquer psicólogo de Lisboa junto a uma mesa que tresanda a mofo e a cigarros apagados depressa demais, diz muito do que não vos consigo explicar. A existência é uma coisa marada... devia ser negada a si própria/mesma para acabar com este e outros problemas, Ser finito é diferente de viver a prazo, e é nesta diferença que reside a nossa realização, bem como o nosso mais inconformado desespero. Eu vi tudo assim face à minha pequenez, a possibilidade de me transformar num ser iogurtado, com o prazo carimbado à vista de quem nos olha nos olhos em busca de resposta. A treta de um tropeção que acabou em bem...
Ali no Rato
20h23min - Largo do Rato - Semáforo de quem vem das Amoreiras vermelho
O rádio toca mas inaudível, fez-se noite depressa. Carros ao lado, de quem vai para a Estrela, carros do outro lado, dos que seguem para o Marquês. Eu, com os carros da frente e de trás, estou na fila dos que seguem para São Bento.
Ali ao lado, junto à boca de Metro, um rufia com mais brincos que orelhas passa um conto por dois de fumo a um puto mais novo. Duas malucas mamalhudas insinuam-se ao caramelo de fato que passa. Sorte nenhuma, marreca... eu vejo tudo do lado de cá de um vidro ainda mal lavado pelas chuvas de Outono. Ah! Está simpático o ambiente, tão simpático que quase se torna agradável...
Ali à frente, uma senhora pouco senhora sai do carro em jeito de peixeira. Exclama muito e bem alto, para os carros de trás ouvirem! Não percebo. O senhor pouco senhor, sai do carro e dá-lhe umas lambadas... uma, duas... que eu visse, mas podem ter sido mais.
Chega a autoridade, pouco autoridade mas lá vai impondo o respeito por detrás do seu crachá! Agarra o senhor pouco senhor. A senhora pouco senhora aproveita para se agradecer as lambadas e, educada como é, devolve-as ao senhor pouco senhor agarrado pela autoridade pouco autoridade. Chegam mais autoridades, que aproveitam para instalar o caos no trânsito, fingindo que conseguem organizar a desorganização.
As buzinas apitam já faz um quarto de hora. Não tenho pressa, para onde vou há quem me espere. As buzinas entram-me na cabeça, estou capaz de dar um tiro no gajo do carro de trás, no senhor pouco senhor, na senhora pouco senhora e naquelas autoridades pouco autoridades.
O senhor e a senhora conseguem enganar as autoridades e voltam a trocar mimos, agora com as mãos cerradas. As autoridades aproveitam para dar também umas lambadas aqui e ali. Animou este fim de Sábado, ir ao Rato tem o seu quê de pitoresco!
Consigo passar ao lado de todos eles... sigo para São Bento e faço a minha vidinha normal; e só voltei a pensar neles todos agora, aqui em casa. Benditos!
O rádio toca mas inaudível, fez-se noite depressa. Carros ao lado, de quem vai para a Estrela, carros do outro lado, dos que seguem para o Marquês. Eu, com os carros da frente e de trás, estou na fila dos que seguem para São Bento.
Ali ao lado, junto à boca de Metro, um rufia com mais brincos que orelhas passa um conto por dois de fumo a um puto mais novo. Duas malucas mamalhudas insinuam-se ao caramelo de fato que passa. Sorte nenhuma, marreca... eu vejo tudo do lado de cá de um vidro ainda mal lavado pelas chuvas de Outono. Ah! Está simpático o ambiente, tão simpático que quase se torna agradável...
Ali à frente, uma senhora pouco senhora sai do carro em jeito de peixeira. Exclama muito e bem alto, para os carros de trás ouvirem! Não percebo. O senhor pouco senhor, sai do carro e dá-lhe umas lambadas... uma, duas... que eu visse, mas podem ter sido mais.
Chega a autoridade, pouco autoridade mas lá vai impondo o respeito por detrás do seu crachá! Agarra o senhor pouco senhor. A senhora pouco senhora aproveita para se agradecer as lambadas e, educada como é, devolve-as ao senhor pouco senhor agarrado pela autoridade pouco autoridade. Chegam mais autoridades, que aproveitam para instalar o caos no trânsito, fingindo que conseguem organizar a desorganização.
As buzinas apitam já faz um quarto de hora. Não tenho pressa, para onde vou há quem me espere. As buzinas entram-me na cabeça, estou capaz de dar um tiro no gajo do carro de trás, no senhor pouco senhor, na senhora pouco senhora e naquelas autoridades pouco autoridades.
O senhor e a senhora conseguem enganar as autoridades e voltam a trocar mimos, agora com as mãos cerradas. As autoridades aproveitam para dar também umas lambadas aqui e ali. Animou este fim de Sábado, ir ao Rato tem o seu quê de pitoresco!
Consigo passar ao lado de todos eles... sigo para São Bento e faço a minha vidinha normal; e só voltei a pensar neles todos agora, aqui em casa. Benditos!
Piri-piri
É assim:
Ingredientes Necessários:
1 Frasquinho de Alho em Pó Vazio
1 Dúzia de Malaguetas
Uma Beca de Whisky Rameloso
2 Pitadas, ou como quem diz, um cói de Alho em pó.
Preparação:
Junta-se tudo dentro do Frasquinho. Agita-se. Espera-se umas horitas.
P.S. - Recomenda-se a quem provar a dita receita, que tenha à mão algo fresquinho para aliviar a goela! É que queima mesmo as línguas mais habituadas.
Ouvido por Aí:
"Para que é que preciso de boa memória se só tenho de me lembrar se já paguei as cervejas ou não ? ? ?" - Faz todo o sentido este Senhor.
Ingredientes Necessários:
1 Frasquinho de Alho em Pó Vazio
1 Dúzia de Malaguetas
Uma Beca de Whisky Rameloso
2 Pitadas, ou como quem diz, um cói de Alho em pó.
Preparação:
Junta-se tudo dentro do Frasquinho. Agita-se. Espera-se umas horitas.
P.S. - Recomenda-se a quem provar a dita receita, que tenha à mão algo fresquinho para aliviar a goela! É que queima mesmo as línguas mais habituadas.
Ouvido por Aí:
"Para que é que preciso de boa memória se só tenho de me lembrar se já paguei as cervejas ou não ? ? ?" - Faz todo o sentido este Senhor.
quarta-feira, outubro 6
terça-feira, outubro 5
Momentos
Não tenho muito o hábito de retractar momentos ou situações... sucede por vezes, em que tal como agora, qualquer espaço de tempo passado merece especial atenção e pede por si mesmo, o relevo e o destaque merecido. Acontece que há destes surtos nostálgicos que nos assolam e convencem absolutamente da necessidade de projectar contextos e vivências de hoje num qualquer amanhã em que tudo recordaremos com um sorriso sábio no canto do lábio, aquele de quem já nada percebe.
O isqueiro era novo... comprado ainda há minutos no café da esquina, que por acaso nem fica numa esquina. Vinha junto com o jornal e desconfio que o isqueiro nunca se apercebeu que o jornal era legível, como seria de esperar - e como tal, não acendeu. Sorri. Novamente o isqueiro não se apercebeu da realidade que o envolvia, e tornou a não acender. Apeteceu-me gritar... isqueiro desleal, este imbecil que me haviam vendido por cento e cinquenta paus no café... maldita produção em série, péssima escolha de cor - seria talvez o único daquela caixa que estava avariado. Apesar de já lhe ter algum apêgo, descartei-me dele com a profunda convicção de que tal isqueiro jamais me daria a confiança de que não abdico nos meus utensílios - não me seria útil nem fiável em momentos de apuros. Restou-me uma enorme vontade de fumar para preencher o vazio que a situação me causara.
Algures numa caverna habitava um velho senhor de longas barbas brancas. Trajava de púrpura pálido como a pele que o cobria. Os seus ossos salientes reforçavam o olhar denso e penetrante que nos crivava o âmago de incerteza e ansiedade. Ali sozinho, vivia tal personagem qual druida, feiticeiro dos tempos de outrora... numa cave que lá tinha, descíamos uma escada tacteando. Então ele acendia um fósforo e depois uma lâmpada triclitante que , ou nos mostrava mais do que queríamos ver, ou descia abruptamente de intensidade em crises momentâneas da minha existência. Aproximava-se então de uma jaula e conversava, numa língua que tinha tanto de imperceptível quanto de indizível, com um ser insecto-repto-humano. As conversas duravam escassos segundos e em seguida cada um deles, separados por grades, inseria um pequeno morcego vivo na boca e engolia-o em três dentadas. Mais uma palavre era dita e apenas hoje entendi o seu significado. Eu não consegui perceber porque é que no fim de tudo eles acabavam sempre por dizer «isqueiro».
O isqueiro era novo... comprado ainda há minutos no café da esquina, que por acaso nem fica numa esquina. Vinha junto com o jornal e desconfio que o isqueiro nunca se apercebeu que o jornal era legível, como seria de esperar - e como tal, não acendeu. Sorri. Novamente o isqueiro não se apercebeu da realidade que o envolvia, e tornou a não acender. Apeteceu-me gritar... isqueiro desleal, este imbecil que me haviam vendido por cento e cinquenta paus no café... maldita produção em série, péssima escolha de cor - seria talvez o único daquela caixa que estava avariado. Apesar de já lhe ter algum apêgo, descartei-me dele com a profunda convicção de que tal isqueiro jamais me daria a confiança de que não abdico nos meus utensílios - não me seria útil nem fiável em momentos de apuros. Restou-me uma enorme vontade de fumar para preencher o vazio que a situação me causara.
Algures numa caverna habitava um velho senhor de longas barbas brancas. Trajava de púrpura pálido como a pele que o cobria. Os seus ossos salientes reforçavam o olhar denso e penetrante que nos crivava o âmago de incerteza e ansiedade. Ali sozinho, vivia tal personagem qual druida, feiticeiro dos tempos de outrora... numa cave que lá tinha, descíamos uma escada tacteando. Então ele acendia um fósforo e depois uma lâmpada triclitante que , ou nos mostrava mais do que queríamos ver, ou descia abruptamente de intensidade em crises momentâneas da minha existência. Aproximava-se então de uma jaula e conversava, numa língua que tinha tanto de imperceptível quanto de indizível, com um ser insecto-repto-humano. As conversas duravam escassos segundos e em seguida cada um deles, separados por grades, inseria um pequeno morcego vivo na boca e engolia-o em três dentadas. Mais uma palavre era dita e apenas hoje entendi o seu significado. Eu não consegui perceber porque é que no fim de tudo eles acabavam sempre por dizer «isqueiro».
segunda-feira, outubro 4
Weird...
Vidas malignas que se nos cruzam, confrontam-nos a cada esquina, perseguem-nos como pastilhas que se colam nas solas. Não se consegue perder um dia que se nos afaste da memória, esquecido, deixado no passado onde pertence! Ontem porque isto, amanhã por aquilo... a vida persegue-me noite após noite, acordando comigo sem ter de se deitar.
O que dizer? A luz daquele alto candeeiro de rua, naquela esquina ali... já não me ofusca, mas ainda me assusta quando lá passo. Gera aquela sombra errante que se me cola nos pés e me persegue por dez metros, aumentando a cada passada até se tornar gigantesca, difusa, e se confundir com as coisas que ali vi tão nítidamente. Depois, quando lá passo novamente, as coisas já não são apenas coisas, são coisas com um resto de sombra lá dentro, porque foi ali que a vi desvanecer! Coisas que assustam, sim senhor!
Mais, que vislumbro um tremor na mão do homem que não deve tremer, que nos conduz a todos, mundo inteiro na ponta de um fio em volta do sol, qual pionaise que nos serve de eixo... é só a sua mão, que agora treme, e ousa lançar-nos, qual pião desgovernado no sentido qualquer do infinito, na direcção do sem luz, directos ao vazio que por tantas e tantas vezes nos enche o peito! Vislumbro uma ânsia tal que julgo ter entrado no túnel do Campo Grande a duzentos à hora, subiu-me o estômago ao cérebro, senti os olhos saltar...
Por ora, mais nada.. quem sabe amanhã sinta diferente?
O que dizer? A luz daquele alto candeeiro de rua, naquela esquina ali... já não me ofusca, mas ainda me assusta quando lá passo. Gera aquela sombra errante que se me cola nos pés e me persegue por dez metros, aumentando a cada passada até se tornar gigantesca, difusa, e se confundir com as coisas que ali vi tão nítidamente. Depois, quando lá passo novamente, as coisas já não são apenas coisas, são coisas com um resto de sombra lá dentro, porque foi ali que a vi desvanecer! Coisas que assustam, sim senhor!
Mais, que vislumbro um tremor na mão do homem que não deve tremer, que nos conduz a todos, mundo inteiro na ponta de um fio em volta do sol, qual pionaise que nos serve de eixo... é só a sua mão, que agora treme, e ousa lançar-nos, qual pião desgovernado no sentido qualquer do infinito, na direcção do sem luz, directos ao vazio que por tantas e tantas vezes nos enche o peito! Vislumbro uma ânsia tal que julgo ter entrado no túnel do Campo Grande a duzentos à hora, subiu-me o estômago ao cérebro, senti os olhos saltar...
Por ora, mais nada.. quem sabe amanhã sinta diferente?
domingo, outubro 3
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