sábado, julho 10

Via Verde no bujon ou a fugir da sorte...

Finalmente consegui escrever sem cair na tentação de revelar os disparates que me perturbam o raciocínio, hehehe!
Olhem, eu sei que os nossos mundos são mesmo muito diferentes, contudo parece-me que ao escrever e contar os meus "graves" problemas, não é que eles desapareçam assim de repente ou se resolvam por divina inspiração, mas sei que me vou sentir melhor... e se há alguém disposto a ouvir-me, não sei porque raio não hei-de aproveitar, já que chorar sozinho no meu quarto está-se a tornar monótono e extremamente repetitivo.
Apesar de não me terem oferecido o ombro nem colo para chorar, permitam-me o abuso porque de momento preciso mesmo de alguém que me escute, ainda que mais tarde possam vir a perceber o quanto eu estava enganado ao vir chorar perto de vós, não há momentos mais tristes que aqueles que passo só, sem querer... e é nestas alturas que se grita aos nossos amigos por ajuda e por perdão...Pois, de facto é nestas alturas em que se grita, que se descobre que realmente estamos sozinhos em qualquer altura, e por isso vos digo que os nossos mundos são tão diferentes, porque na verdade, para mim não existe essa certeza de que me falavam, que alguém olha por nós... não conheço essa faceta da vida, não sou um desiludido, mas sei porque linhas me hei-de cozer, e conheço a realidade em que vivo - não tenho quem olhe por mim, e sem ser eu, duvido que mais alguém se preocupe se vou ter onde comer ou onde dormir amanhã! Conhecem este lado farsola da existência?
Não tenho pretensões de iluminado nem de desfavorecido, não o sou - mas isto é o que eu vejo, e quando vos procurei em busca de uma qualquer bóia de salvamento, e me ofereceram as grandes verdades inquestionáveis como resposta, acreditem-me que sorri... por terem sido queridos o suficiente para me responderem da maneira que acreditavam ser correcta, com as vossas palavras e com a vossa visão do mundo... mas, queridos amigos, o que tenho conhecido por aqui, não se compadece dessas verdades, e dei comigo novamente isolado e só, porque não havia quem me ouvisse, e pior que isso, não havia quem me entendesse.Agora mais em concreto, preciosos amigos, o caminho que tenho percorrido foi-se tornando cada vez mais estreito e sinuoso, cada dia mais perigoso... o que se passou em concreto foi uma derrocada de tudo aquilo em que sempre acreditei, e que me abalou os projectos que tinha definido para o resto da minha vida.
Fiquei sem nada, fiquei assim desiludido, triste... acreditem que fiquei profundamente triste! Querem saber? Eu preciso de contar... Desisti do curso que andava a enganar-me há tantos anos, comecei a trabalhar aqui e ali fazendo um pouco de tudo. Tinha uma ideia do que iria fazer com a minha vida, e devo dizer-te que a ideia não era assim tão diferente das ambições do resto das pessoas que conheço - comprar uma casa, casar, ter uns putos, viagem aqui ou ali, sair com os amigos, passava pelas coisas normais da vida de qualquer anormal... De repente, caiu-me tudo em cima, o céu, as nuvens, as pessoas, e inúmeros pensamentos deprimentes do vazio que preenchia a minha vida, do nada que existia para lá da pessoa que amava. Sim, é verdade - estava centrado numa única pessoa que me abandonou, mas o pior não foi o abandono, não foi ter ficado sozinho, não foram as noites perdidas a sonhar as recordações de um futuro que não cheguei a viver, o pior foi a ausência de significado de tudo o que tinha vivido, foi olhar para o que contruí ao longo de todos estes anos e aperceber-me que não passava de um castelo de cartas; foram as cedências que fiz em nome de algo maior que afinal não era real. O pior, meus queridos amigos, foi cair na realidade e sentir tudo isso assolar-me como um pesadelo do qual não conseguia acordar.
Amigos, não sei porque vos conto tudo isto, já se passou mais de um ano e ainda assim continuo a deitar-me com o coração destroçado, a acordar com uma sensação incrível de angústia... será por isso? Acho que continuo a precisar de desabafar com alguém que, no minimo me dê a ilusão de estar a ouvir... é muito dificil para mim falar do que sinto e da forma torpe como vejo o mundo, é complicado não entender nada do que se passa em meu redor e tão simplesmente aceitar.

Obrigado por escutarem,

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