Este post, assim como o anterior, eram meras cartas com duas destinatárias distintas, contudo optei por transcrevê-los para aqui, o anterior adaptado a todos os meus supostos amigos, este tal e qual como era para ser enviado... sem mais explicações, fica escrito!
"(...) devo-te dizer uma série de coisas, e quando falamos ou quando te escrevo tenho procurado fazê-lo da melhor forma que sei, no entanto, quando recebo mensagens tuas, são, como bem sabes, altamente impessoais e completamente desprovidas de conteúdo... vou ser sintético, se o que tens para me dizer, se resume a uma série de piadas de gosto questionável, ainda que seja uma honra para mim estar na tua mail list, não é bem aquilo que contava receber de ti, e ainda que não te peça para não os enviares, sei que o farás nem que seja por eu ter falado nisso.
Acho curioso que não tenhas tido essa percepção antes de me enviares aqueles mails, sem qualquer palavra tua, muitas vezes assinados por quem tos enviou.
Não necessito já de muita atenção da tua parte, mas pelo menos aquela que recebo, que seja genuína e não um mero forward com uma lição de vida de alguém que mora no outro lado do mundo. Percebo a ideia da impessoalidade, que provavelmente te torna assim mais fácil dizeres para ti mesma que te esforças minimamente por manter o contacto. NEWSFLASH!!! Forwards não são manter o contacto, não dizem nada que um desconhecido não possa dizer... esse é supostamente o verdadeiro valor dos amigos, conhecerem-nos e encontrarem-nos perdidos no meio das nossas aspirações mais ou menos patéticas.
Como te disse, a minha forma de olhar o mundo desde que fui atropelado mudou radicalmente, somente porque ao acordar, preso numa merda qualquer mais forte que eu, só pude falar e encontrar-me comigo mesmo, o que de algum modo é curioso, visto que já não me encontrava a mim próprio há muito! Mas curioso ou não, há coisas que para mim não têm qualquer valor, outras há que me sabem muito melhor hoje... espero que consigas ver com nitidez o que não viste antes, e se procurares manter algum tipo de contacto comigo, que não o faças através dos meus avós, ou por outro subterfúgio qualquer em que não tenhas o (des) prazer de me encontrar, porque a confrontação, a troca de olhares, a palavra, fazem parte de qualquer relação, ainda que não o queiramos com todas as nossas forças. Compreende isto, e lida com a situação!
Cara mia, não vejo mais assuntos de assumido destaque que queira de momento compartilhar contigo...tenho ali alguns mails com videos e imagens giras, mas não me parecem adequados nesta altura, porque me parece tão mais importante falar, escrever o que se sente e pensa... ainda que não tenha já essa vontade nem o brilho do sonho que me caracterizava, há coisas que consigo ainda dizer, e a ausência, tua e a dos demais, nas alturas criticas da minha até agora curta vida, dizem-me muito mais do que rios de tinta e oceanos de palavras.
"Depois, quando o frio nos assolou e percebemos que não encontraríamos refúgio, continuamos a falar tiritando de frio pela noite dentro. Falámos de azar, de mágoa e de morte, pois sabíamos que com o sol da manhã nasceria também uma esperança de vida" - Moi Même in Máximas
Hasta luego, quando houver algo que mereça ser dito."
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