Tenho passado muito tempo da minha vida a observar quem me rodeia. Tenho visto as paisagens mais belas que o mundo tem para me dar. Ignoro o porquê do meu desacerto, não entendo a minha falta de fascínio com as coisas da vida... mas simplesmente, não atino com a alegria e a felicidade puras.
Sou um apaixonado pela escuridão, tenho-o mostrado a quem me conhece... desde o mais remoto dos meus poemas ao meu texto mais alegre. Sempre surge aquela dedicação, estranha devoção ao vazio hipnótico e transcendente. Sempre me senti tentado a escrever sobre a morte e o pútrido, sobre a mentira e a falsidade... sobre o amor.
Sou um apaixonado pela escuridão, tenho-o mostrado a quem me conhece... desde o mais remoto dos meus poemas ao meu texto mais alegre. Sempre surge aquela dedicação, estranha devoção ao vazio hipnótico e transcendente. Sempre me senti tentado a escrever sobre a morte e o pútrido, sobre a mentira e a falsidade... sobre o amor.
Sou o esqueleto, o sustentáculo da minha própria inexistência... um suporte à antítese do que sou que teima em subsistir, que se ergue tal anti-matéria contra os principios da lógica, da física e da razão.
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Tão normal quanto me é possivel ser, palmilho diáriamente uma ladeira escura no frio cansado da noite (curiosamente também há grilos no centro da cidade, onde os prédios ainda não ousaram surgir), e calcorreio duzentos metros em passos que ecoam mais que a vontade que os determina... "sinto-me um mosquito sentado no rabo de uma vaca que rumina à beira da estrada onde os automóveis circulam a 180 km/hora"...
Quando atinjo o topo, recordo sempre os passos que ali dei, não vislumbro os que ainda tenho para dar. Relembro a pedrinha que contornei, o tropeção que não chegou a acontecer, o susto que algum rato maroto me ofereceu de prenda ontem, ou a sorte de não ter sido abordado. Há tantas maneiras de cair por aqui, que vencer o medo que me impulsiona e retém o passo, é uma perseguição que movo a mim próprio e uma batalha que me consome e diverte em simultâneo.
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