quarta-feira, dezembro 28

Poema


Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um abraço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te encontro

- Mário Cesariny, Pena Capital, 1982

segunda-feira, dezembro 26

Primeiras páginas


Pareceu-me interessante a ideia de poder ver os destaques pelo mundo fora...

sábado, dezembro 24

Silence, awakening

Foi apenas um sonho

Adormeço contigo no pensamento
Como ontem...
Como no dia anterior..
E todos os outros
Todos esses, em que sinto
O desespero de não te ter

Não sei bem como
Mas reconheço-nos numa praia
Num luar
Um diferente
Que vale por todos
Todos os outros que vi
E esses que nunca deslumbrei
Todos aqueles, que esta Terra já viu
E os tais, que sei que nunca irá ter

A razão para tal luar, ocorre-me
Num dos raros momentos de lucidez
Antes que a minha loucura por ti
Apanhe-me de vez
A razão, és tu



"Gota Azul" por João Lourenço.


Dás novos brilhos a essa lua
Desprovida de cores
Que em tons de branco e cinzento
Continua a brilhar
Pintas cores diferentes, na escuridão deste céu

E ali ficamos
A todas as estrelas
O teu nome, dar
A cada vaga do mar
Vejo uma desculpa infantil, para te beijar

Palavras atropelam-se
Toma-me de supresa, uma gaguez absurda
Ao tentar te dizer o que sinto
Intimidado
Calo-me, um silencio estranho paira no ar....
É apenas uma tentativa, de os meus olhos procurares



"Ligeia" por Cláudia P.


Fitando-nos
Passam horas
Serão dias?
E silêncio
Nada mais

Nada mais os outros vêem
Passam, e nem imaginam
Vêem, e nem contemplam
As promessas lançadas um ao outro
Promessas de "sempres"
De "tudos"
E de sentimentos
Que só tu e eu entendemos

Mãos sem jeito
Procurando cada centímetro do teu corpo tocar
Dar de mãos, atiradas a cada instante
Abraços que perduram
Permanecem depois de "acabar"
Pois nunca terminam
Existe sempre a promessa de mais um dar...



"The Awakening" statue at Haines Point.


Num rápido movimento de pálpebras
Morro
Apercebendo-me que fora apenas um sonho
Cruel ilusão
Mas logo desejo voltar a ela
Só esta vez
Só mais esta noite
Até o próximo dia
Trazer a tua presença
E os escassos minutos
De na tua voz, me poder embriagar
Que me faça recusar
Renegar esta morte precoce
Que os outros chamam de "sono"
Eu chamo-lhe desespero
Pois, quando ela acaba
É sozinho que me acordo
Com o teu lugar a meu lado
Ainda por ocupar
-Dark_Planet (Lí por aí, n´"O meu Bloguinho")

Palavra do dia

pinar

meter pinos em;
prov., folgar.

segunda-feira, dezembro 19

MFOX Klan--------->Tuga Power

Somos adeptos incondicionais da matança, especialmente se o sangue for cibernético... À falta de melhor criou-se um Klan em que a malta tem especial apetência por se matar uns aos outros! Sugiro que não se intrometam entre estes indivíduos, sob pena de headshot imediato, sem possibilidade de retorno.
Trata-se de um clã novo, especializado em fumos e retórica agressiva, em que imperam os eternos "pó krlh", "fdp" e "omg".. não se brinca em serviço!


O Mfox Klan é o nome que se arranjou para um ponto de convívio e reunião, onde se fala até às 3h da manhã sem matar o inimigo, à volta de um qualquer caixote impossível de subir.
Muito Fumo Olivais Xelas - para os incultos é ao que a sigla se refere - é absolutamente anti-cheats, anti-lammes e anti-campers. Praticam-se tácticas em aim maps e jumper style, para controlo da machinegun, e do boneco em si.


Se és adepto do jogo (e estamos a falar de CS 1.6) e curtes um molho aniquilar o adversário, se deres contigo sem ter quem matar, vem levar uns headshots no MFOX Klan em 213.13.157.37:22206



Um abraço de apreço a todos os adeptos de Counter Strike, muito em particular aos fundadores deste novo espaço lúdico, que já fidelizou muitos internautas, o people do MFOX Klan.

Make no mistake... u will die!
- Cavalero e Molghus

sábado, dezembro 17

Preocupações

Chegou o Natal... as prendas da loja dos chinas, os embrulhos... nem sequer fiz árvore de natal este ano! Não tenho putos, não tenho prendas para ninguém, não quero nem dar nem receber, o que pode tornar a época um bocado difícil. Chegou aquela altura em que perdi a vontade de falar com a maior parte do people que conheço... cortei o contacto com a maioria dos energúmenos que me chulavam a boa-disposição e alegria, com as pseudo-amigas da trancada e com os pseudo-amigos dos fumos. Reduzi a minha lista do msn a meia dúzia de contactos bacanos, que não pedem nem dão nada em troca da palheta e da converseta, aos demais, hasta la pasta! Quem foi ainda pede justificações, que não fez nada, que tal e coisa, as pessoas não se mancam?!?! Se me eliminassem seja de onde for, eu não ia pedir batatinhas, mas isso sou eu.
O melhor desta época, é mesmo preparar a passagem de ano, comprar alcool e fumos, carne em barda, umas grades de birras, alugar o place da desgraça e, melhor melhor, só mesmo a viagem para lá. Nem gosto de pensar em mais nada.



Mas chamei a isto preocupações, porque apesar de todos os que deixei para trás, uns com mais justiça, outros com menos, uns com mais pena, outros nem tanta assim, ficam as recordações, los recuerdos de tudo o que fomos e vivemos juntos, os piores momentos em que nos abraçámos em busca de conforto e em que aquele ou aquela agora-ninguém foi tudo para nós, aquele instante... esse agora é tão só um imenso lago profundo de saudade. Lá dizia o sonoro, que o meu cantante das rectas curvantes teimava em berrar a plenos pulmões em todas essas viagens pelo passado, que o que foi não volta a ser. Não dizia era que o que foi, não foi bem assim. O adorno, o resto que eu gostava, aquilo que tornava tudo bom porque era real, era apenas a idiótica sensação de conforto que tinha, não eram as pessoas, não foram as situações nem os instantes buenos, foi mesmo a estranha sensação de harmonia que eu próprio me permitia sentir com aquelas pessoas naqueles momentos, era ilusão pura e dura; era eu próprio bem comigo mesmo, meramente happy.
Preocupo-me com eles, que ficaram ali atrás em género de resolução de novo ano que se avizinha, e desejo-lhes tudo de bom que a vida lhes possa dar (a alguns pelo menos), mas nada resta a ser dito, estou sem palavras mais que não estas, sem razões mais senão as que enumerei... Resta a preocupação, a saudade do bom sentimento, e esse desejo. É a minha prenda de Natal este ano, para todos os que ficaram no caminho, e para todos os que teimo em ainda trazer comigo (porque no meu entender e no meu coração, a antiguidade não é de facto um posto, é apenas prova de bom caracter); preocupo-me convosco e desejo o tal Bom Natal a todos.

terça-feira, dezembro 13

Frente a frente

Nada podeis contra o amor,
Contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis.


"Trust" por Robert anderson



Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis
- e é tão pouco!

- Eugénio de Andrade

terça-feira, dezembro 6

Una palabra


Una palabra no dice nada
y al mismo tiempo lo esconde todo
igual que el viento que esconde el agua
como las flores que esconde el lodo.


Una mirada no dice nada
y al mismo tiempo lo dice todo
como la lluvia sobre tu cara
o el viejo mapa de algún tesoro.


Una verdad no dice nada
y al mismo tiempo lo esconde todo
como una hoguera que no se apaga
como una piedra que nace polvo.


Si un día me faltas no seré nada
y al mismo tiempo lo seré todo
porque en tus ojos están mis alas
y está la orilla donde me ahogo,
porque en tus ojos están mis alas
y está la orilla donde me ahogo


Carlos Varela

segunda-feira, dezembro 5

Este inferno de amar

"Profane Love" (oil on wood, 20" x 20") por John Jacobsmeyer

Este inferno de amar – como eu amo! –
Quem mo pôs aqui n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida – e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear,
Quando – ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... – foi um sonho –
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? – Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...

-Almeida Garret